Muitas vezes na vida, deparamo-nos com a seguinte pergunta: “Oras, por que eu tenho que fazer isto (seja o que for o significado da palavra “isto”) desta forma?”. Muitas vezes, a resposta é um pouquinho áspera: “Oras bolas! Porque sempre foi assim!”.
Esta resposta embute alguns pequenos detalhes. Por exemplo, denota que o seu interlocutor não tem a menor idéia do porquê as coisas têm que ser feitas desta ou daquela forma. Denota ainda, que nosso amigo esta simplesmente repetindo aquilo que ele mesmo observou anteriormente, sem ao menos se perguntar: “Oras… mas por quê?”.
Esta passividade pode ser muito bem expressa na seguinte história que é muito ilustrativa…
Imagine um experimento de laboratório onde 5 macaquinhos serão colocados em uma jaula. Esta jaula possui em seu centro uma pequena escadinha que tem em seu cume um cacho de bananas. Preso a este cacho, existe um mecanismo que ao ser acionado (quando uma banana é retirada, por exemplo) dispara um forte jato de água gelada na parte de baixo da jaula.
Ao serem colocados na jaula os macaquinhos tentarão se ambientar em seu novo lar. Não demorará muito e um deles perceberá o cacho de bananas. Quando a forme apertar, naturalmente um dos macacos subirá pela escada e puxará uma banana. Neste momento o mecanismo do jato d’água será acionado, molhando todos os outros macaquinhos.
Um segundo macaquinho poderá fazer o mesmo. E até mesmo um terceiro. Neste ponto, cansados de tomar jatos gelados de água, os demais macaquinhos impedirão o outro macaco de subir dando-lhe uma bela surra se necessário. A partir deste ponto, todo macaco que tentar subir pela escada será espancado pelos demais, até que após algumas semanas de tentativas frustradas (e muitas surras), nenhum dos macacos subirá pela escada. Afinal de contas, eles sabem muito bem o porquê: se pegar banana, é porrada na certa.
Suponha que após algumas semanas neste aparente equilíbrio, um dos macacos é substituído por um macaco novato. Após se ambientar e obviamente reparar no cacho de bananas, o novo macaquinho tentará subir pela escada para pegar a banana. Seus companheiros de jaula, já prevendo um banho impedem o macaquinho com uma bela surra. Repare que neste ponto da história, nosso novo macaquinho, não tem a menor idéia do motivo da surra. Após mais algumas tentativas frustradas – com direito a muitas surras – o valente macaquinho desiste de buscar a banana e tudo retorna ao equilíbrio.
Vamos supor ainda que um segundo macaquinho será substituído. O processo se repete e aquele macaquinho que apanhou sem saber muito bem porque, desta vez ajuda a bater no novo colega com bastante disposição. Perceba que nosso primeiro macaquinho não tem a menor idéia do motivo pelo qual está batendo.
Por fim, vamos supor que este processo de substituição dos macaquinhos ocorrerá até que não reste nenhum dos macaquinhos originais. Neste ponto da experiência, vamos acrescentar um pouco de realismo mágico a história…
Substituiremos mais um macaquinho, e daremos a cada um deles a capacidade de falar. Suponha que este novato tente como todos os outros buscar uma banana. Será surrado como todos os outros… Neste momento, ele perguntará ao mais antigo (o primeiro que entrou após os cinco macacos iniciais): “Mas porque vocês me bateram? Só porque eu subi a escada?”. Eis que nosso macaco, no alto de sua sabedoria e conhecimento responderá com toda a autoridade de veterano de jaula: “Bom, meu amigo… desde que entrei as coisas são assim por aqui. E quando um novo colega entrar, você deverá fazer o mesmo”. O novato então perguntará: “Oras, mas por que devo fazer assim?”.
E o nosso macaquinho, com um leve sorriso, responderá: “Oras bolas! Porque sempre foi assim!”.